Bring The Noise

Orgulho e resistência em “Bring The Noise” do Public Enemy

“Bring The Noise”, do Public Enemy, é uma música que confronta o preconceito contra o rap e a cultura negra, defendendo o rap como uma forma legítima de arte, tão relevante quanto o rock. Logo no início, o verso “Bass! How low can you go? Death row, what a brother know” já aponta para a criminalização dos negros e a associação injusta entre rap e violência. Chuck D reforça que sua arma é a música, não a violência: “Can I tell 'em that I really never had a gun? But it's the wax that the Terminator X spun” (Posso dizer pra eles que nunca tive uma arma? Mas é o vinil que o Terminator X tocou). Aqui, "wax" se refere aos discos de vinil, mostrando que o poder do grupo está nos sons e nas palavras, não em armas.

A letra faz referência a nomes como Louis Farrakhan, Run-DMC, Eric B., LL Cool J, Yoko Ono, Sonny Bono e Anthrax, conectando o rap a outros gêneros e artistas e reforçando que o rap faz parte do universo musical maior. Quando Chuck D afirma “Soul control, beat is the father of your rock'n'roll” (Controle da alma, o ritmo é o pai do seu rock'n'roll), ele destaca a influência da música negra no rock, invertendo a lógica de exclusão. A menção à banda Anthrax e ao verso “Wax is for Anthrax, still it can rock bells” antecipa a colaboração histórica entre os dois grupos, mostrando que o rap pode dialogar com qualquer estilo. O refrão “Turn it up! Bring the noise!” (Aumente o volume! Traga o barulho!) é um chamado para amplificar as vozes marginalizadas e resistir à censura, enquanto versos como “Radio stations, I question their blackness / They call themselves black, but we'll see if they'll play this” (Emissoras de rádio, questiono sua negritude / Elas se dizem negras, mas vamos ver se vão tocar isso) denunciam o racismo estrutural até mesmo dentro da indústria musical. A música é, acima de tudo, um manifesto de orgulho, resistência e afirmação cultural.