You Don't Fool Me

“You Don't Fool Me”: sedução, controle e resistência

Em “You Don't Fool Me”, do Queen, o refrão vira um escudo: a frase “You don’t fool me” (você não me engana) funciona como afirmação constante de limites. Resultado da edição póstuma conduzida pelo produtor David Richards, que costurou fragmentos de letra e voz de Freddie Mercury, o tema se concentra em sedução e controle. O “ela” pode apontar para uma mulher específica e, ao mesmo tempo, simbolizar qualquer força sedutora e manipuladora que impõe as próprias regras.

A narrativa é direta: o eu lírico reconhece o truque — “those pretty eyes / that sexy smile” (aqueles olhos bonitos / aquele sorriso sedutor) — e recusa o papel de vítima, atento ao aviso “Mama said be careful” (mamãe disse: tenha cuidado). Versos como “She’ll take you and break you” (ela vai te pegar e te despedaçar) e “Sooner or later you’ll be playing by her rules” (mais cedo ou mais tarde você vai jogar pelas regras dela) reforçam a necessidade de confiar na intuição para não ceder à manipulação.

O método descrito por Richards — primeiro montar o vocal de Mercury, depois receber guitarras, bateria e backing vocals de Brian, Roger e John — ajuda a explicar a estrutura circular e a repetição insistente do refrão como mantra de autoproteção. O clima dance-rock, com ecos de Hot Space, ganhou impulso com os remixes de 1996, que acentuam o caráter hipnótico e levaram a faixa às pistas e, na Europa, ao topo das paradas italianas.