God Save The Queen

A releitura de "God Save The Queen" pelo Queen une tradição e irreverência

A decisão do Queen de adaptar "God Save The Queen" como faixa instrumental e encerramento de seus shows reflete uma relação de respeito, mas também de leve ironia, com a tradição britânica. Ao transformar o hino nacional em uma peça de rock com guitarras sobrepostas, Brian May presta homenagem à monarquia, mas também imprime a identidade da banda sobre um dos maiores símbolos do Reino Unido. Esse contraste entre o clássico e o moderno fica ainda mais evidente nas apresentações ao vivo, quando Freddie Mercury aparece com coroa e capa real, reforçando o tom teatral e ambíguo: há reverência, mas também uma brincadeira com a ideia de realeza e poder.

O contexto histórico é fundamental para entender o impacto dessa versão. A performance de Brian May no telhado do Palácio de Buckingham em 2002, por exemplo, mostra como a interpretação do Queen ultrapassou o universo do rock e se tornou parte da cultura popular britânica. Os versos originais, como “Long live our noble queen!” / “Long to reign over us” (Vida longa à nossa nobre rainha! / Que ela reine sobre nós por muito tempo), expressam desejos de prosperidade e estabilidade para a monarca. Ao reinterpretar esses sentimentos, o Queen transforma o hino em um momento coletivo de celebração, misturando solenidade, orgulho nacional e a irreverência que marca a trajetória da banda.