A Escolha Que Eu Fiz

Consequências e realidade em "A Escolha Que Eu Fiz"

"A Escolha Que Eu Fiz", dos Racionais MC's, se destaca pela abordagem direta e sem rodeios ao retratar a trajetória de um assaltante, sem qualquer tentativa de glamourizar ou justificar a vida no crime. O verso “Agora o sangue que escorre não apaga, não é giz” evidencia a gravidade das consequências, mostrando que certos erros deixam marcas permanentes, diferentes de algo que pode ser facilmente apagado. Essa metáfora reforça o peso das decisões tomadas em um ambiente de criminalidade urbana.

A letra, curta e objetiva, acompanha o personagem desde o momento do crime até sua captura, ressaltando a falta de planejamento (“fui incapaz de ter a calma, planejar o esquema”) e o isolamento social (“nós tem ninguém”). O trecho “Se o Datena filmar e a minha estrela brilhar, eu morro feliz, vilão vagabundo” ironiza a forma como a mídia transforma a violência em espetáculo, ao mesmo tempo em que revela a resignação do personagem diante de sua realidade e a busca por reconhecimento, mesmo que negativo. A música, inserida no álbum "Cores & Valores", reflete a renovação sonora do grupo, com influências do trap e da bass music, criando uma atmosfera urgente e contemporânea. Assim, a faixa sintetiza o ciclo de escolhas, consequências e marginalização, expondo a dureza da vida no crime sem romantizá-la.