There, There

Dúvida e vulnerabilidade em "There, There" do Radiohead

Em "There, There", do Radiohead, a repetição do verso “Just 'cause you feel it doesn't mean it's there” (Só porque você sente, não significa que está lá) destaca a desconfiança sobre a própria percepção. A música explora como emoções e sensações podem ser enganosas, sugerindo que nem tudo o que sentimos corresponde à realidade. Esse tema é reforçado por imagens sombrias, como “In pitch dark I go walking in your landscape” (No breu, caminho pela sua paisagem) e “Broken branches trip me as I speak” (Galhos quebrados me fazem tropeçar enquanto falo), que criam uma atmosfera de incerteza e vulnerabilidade, como se o personagem estivesse perdido em um território emocional desconhecido.

A menção ao “Boney King of Nowhere” e a influência de contos infantis sombrios, como os dos Irmãos Grimm, misturam inocência e ameaça, ampliando a ambiguidade da canção. O trecho “There's always a siren singing you to shipwreck” (Sempre há uma sereia cantando para te levar ao naufrágio) faz referência à mitologia, usando a imagem das sereias para ilustrar tentações ou pensamentos autodestrutivos que surgem quando se confia demais nos próprios sentimentos. O refrão “We are accidents waiting, waiting to happen” (Somos acidentes esperando, esperando para acontecer) traz uma visão fatalista, mostrando que todos estão sujeitos a tropeços e quedas. A emoção intensa de Thom Yorke durante a gravação reforça o peso pessoal da música, tornando "There, There" uma reflexão sincera sobre dúvida, solidão e a busca por sentido em meio ao caos emocional.