2 + 2 = 5

Crítica à manipulação da verdade em “2 + 2 = 5” do Radiohead

O título “2 + 2 = 5” já deixa clara a crítica central da música: a manipulação da verdade por autoridades, inspirada diretamente pelo livro “1984” de George Orwell. No romance, o regime obriga as pessoas a aceitarem absurdos como forma de controle, e a frase “Where two and two always makes up five” (Onde dois e dois sempre somam cinco) simboliza essa distorção da realidade. Radiohead usa essa referência para mostrar como, sob certos poderes, até as leis mais básicas da lógica podem ser subvertidas e impostas como verdade.

O subtítulo “The Lukewarm” e versos como “I stay home forever” (Eu fico em casa para sempre) e “You have not been paying attention” (Você não tem prestado atenção) reforçam a crítica à apatia diante do autoritarismo. A menção aos “tépidos” de Dante sugere que a omissão diante do mal também é condenável. A repetição de “Paying attention” (Prestando atenção) serve como alerta para a necessidade de vigilância e consciência crítica. Já o verso “All hail to the thief” (Salve o ladrão) ironiza a reverência forçada a líderes corruptos, conectando-se ao título do álbum e ao contexto político da época.

A música também aborda a sensação de impotência diante de um sistema opressor, como em “I try to sing along / But the music is all wrong” (Tento cantar junto / Mas a música está toda errada) e “I swat 'em like flies but like flies the bugs keep coming back” (Eu os espanto como moscas, mas como moscas eles continuam voltando). Esses trechos mostram a dificuldade de resistir em um ambiente onde as regras são arbitrárias e a verdade é distorcida. O final, com “Oh go and tell the king that the sky is falling in / When it's not / But it's not / Maybe not” (Vá e diga ao rei que o céu está caindo / Quando não está / Mas não está / Talvez não), ironiza o pânico fabricado e a manipulação do medo, sugerindo que a realidade é moldada conforme os interesses do poder, deixando o ouvinte em dúvida e inquieto.