Existência

Hipocrisia social e saudade em "Existência" de Rafa G

Em "Existência", Rafa G faz uma crítica direta à hipocrisia social ao repetir o verso “Enquanto bu sta vivo ez ta respeta bu existência” (Enquanto você está vivo, eles não respeitam sua existência). O artista destaca como o respeito e o reconhecimento costumam surgir apenas após a perda ou ausência, e não enquanto a pessoa está presente. Esse tema é reforçado pela menção à solidão e à superficialidade das relações, como em “Mi é só bu conhecido pa ke ben ku munti festa?” (Eu sou só seu conhecido para ir a muitas festas?), sugerindo que muitos se aproximam apenas por interesse, e não por amizade verdadeira.

A música tem um tom melancólico, refletindo experiências pessoais de Rafa G, especialmente após a perda do primo Tixa, referenciado em “Kria fuma ku tixa pa pa nu xinta nu conversa” (Queria fumar com Tixa para sentarmos e conversarmos). A saudade e a dor da separação também aparecem na referência à mãe que “só ta chora ta lamenta” (só chora e lamenta), mostrando o impacto familiar da ausência. O ambiente do Vale da Amoreira e as dificuldades enfrentadas por imigrantes e jovens periféricos aparecem em menções à prisão e à distância, como em “sta presso na Manchester” (está preso em Manchester). O desejo de respeito, reconhecimento e conexão verdadeira, tanto no rap quanto na vida pessoal, conduz a canção, refletindo o objetivo de Rafa G de transformar sua realidade e buscar algo melhor para si e para os seus.