Sentimentos Confusos

Entre a dúvida e o afeto em “Sentimentos Confusos”

“Sentimentos Confusos”, de Raffa Mogi, não fala de falta de amor, e sim de como a insegurança corrói tudo — até a própria escrita em “minha rima é fraca”. O refrão coloca a confiança no centro: quando ela quebra, “quebra o nosso mundo”, marcando o ponto de não retorno. A narrativa é feita de arrependimentos e condicionais: “Se eu não dissesse que não era nada / Se eu tivesse dito que era você” expõe uma relação que falha menos por incompatibilidade e mais por medo, opinião alheia e demora em assumir o sentimento. No tom confessional, ele admite o vacilo (“o coração hesitou”) e acena à reparação (“a gente recomeça com louvor”), mas reconhece o desgaste. Isso dialoga com o que se sabe da faixa, lançada em 2018 no álbum Rotas: Mogi mira as incertezas de um romance e como a falta de confiança desestabiliza tudo, como destacam as fontes citadas.

As imagens concretizam a crise. O contraste entre “um nós / além de um eu e você” define a distância emocional. O trem com “dois vagões” em “trilhos diferentes” descreve vidas paralelas que não se acoplam, levando “cargas irrelevantes” — mágoas e opiniões que só pesam. Há um pêndulo entre insistir e aceitar o fim: de um lado, “Eu sei que eu posso conquistar esse amor”; de outro, “Às vezes o amor é ingrato... não era pra ser”. “A garota da vez é você” carrega dupla leitura: pode afirmar foco nela, mas também soar volátil, sugerindo idas e vindas que alimentam a desconfiança. Fiel ao conceito de Rotas, o dilema é escolher o trilho certo antes que a dúvida destrua o que ainda existe.