Afff

A crítica à apropriação cultural em "Afff" de Raffa Moreira

Em "Afff", Raffa Moreira (Lil Raff / BC Raff) faz uma crítica direta à apropriação cultural no rap brasileiro, destacando a presença dominante de rappers brancos no cenário. Ele denuncia como artistas brancos têm se beneficiado financeiramente e artisticamente de um gênero criado e historicamente representado por negros. Isso fica claro em versos como: “Branco pagando em dinheiro / Rap no Brasil tá estranho, ya / Eles que tão estragando, ya”, onde o artista aponta a distorção do protagonismo negro no rap nacional.

Raffa também reforça a resistência à invisibilização dos artistas negros e à tentativa de padronizar o rap sob uma ótica branca, como em: “Eles querem, nego, um MC trouxa, branco, paga pau / Nunca, nunca / Eles não aceitam nego negro / Mais foda que eles”. Além da crítica, a música traz um forte tom de autoafirmação. Raffa se coloca como pioneiro e inovador, dizendo: “Indo por caminhos antes não percorridos / Vocês sabem que eu fui o primeiro” e “Eu já provei pra mim mesmo / Que o Raffa é o mais criativo”. Ele rejeita associações com grupos que não representam sua visão, como em: “Foda-se A4drilha / A B.L.U.N. t é uma bosta / Nunca, nunca na minha vida / Eu recusei o convite”. Ao afirmar “Nego, essa porra é minha vida”, Raffa mostra que sua relação com o rap é pessoal e profunda, ligada à identidade e ao respeito à cultura negra. As referências a Michael Jackson e à sua marca "FERNVNDX Clothing" reforçam sua busca por originalidade e reconhecimento próprio, em oposição à cópia e ao oportunismo que ele critica no cenário.