Backwards and Upwards

Contradições e ciclos emocionais em “Backwards and Upwards”

“Backwards and Upwards”, de Ramona Lisa, aborda o sentimento de deslocamento emocional e a busca por sentido em meio ao caos, tanto na letra quanto na produção eletrônica experimental do álbum “Arcadia”. O verso “Love / What a mean / Poison arrow welcome to me” (“Amor / Que coisa cruel / Flecha venenosa, bem-vinda a mim”) mostra uma visão ambígua do amor, que pode ser acolhedor e doloroso ao mesmo tempo, funcionando como metáfora para experiências contraditórias e imprevisíveis.

Imagens como “Bent over to tie shoe laces / Cut it out / At the seed / And the rip is a rotation / Drawing O / In the sky” (“Curvado para amarrar os cadarços / Corte isso / Na semente / E o rasgo é uma rotação / Desenhando O / No céu”) reforçam a ideia de ciclos, repetições e tentativas de encontrar ordem em situações confusas. Isso se conecta à atmosfera caótica criada pelos sintetizadores e batidas eletrônicas do álbum, gravado em locais inusitados e sem instrumentos tradicionais. O refrão “Backwards and Upwards” (“Para trás e para cima”) funciona como um paradoxo, sugerindo que o crescimento pessoal pode surgir ao revisitar ou reavaliar o passado. A referência ao “driver” e ao “passenger” (“Oh the driver is fine / But the passenger is carsick” – “O motorista está bem / Mas o passageiro está enjoado”) simboliza o controle e a vulnerabilidade diante das mudanças, enquanto a imagem da roda-gigante (“Like a ferris wheel I shift it” – “Como uma roda-gigante, eu mudo isso”) reforça os altos e baixos emocionais. O trecho “O it burns / But it cleans” (“Oh, isso queima / Mas limpa”) traz a ideia de dor como purificação, mostrando que enfrentar desconfortos é necessário para amadurecer. Assim, a música reflete sobre a complexidade dos sentimentos e a importância de aceitar contradições para seguir em frente, mesmo que de forma não linear.