Melô do Afegão Médio

Crítica social e humor em "Melô do Afegão Médio"

Em "Melô do Afegão Médio", Raphael Dos Anjos usa o humor e a ironia para abordar a sonegação fiscal, um tema geralmente tratado com seriedade no Brasil. O termo "Afegão Médio" representa o cidadão comum, especialmente o pequeno comerciante ou autônomo que, diante da complexidade e do peso dos impostos, acaba recorrendo a práticas informais para sobreviver. Ao citar impostos como PIS, COFINS, CSLL e IRPJ, a música evidencia o cotidiano de quem lida com a burocracia e a carga tributária, mostrando que a sonegação muitas vezes é vista como uma necessidade, não apenas uma escolha. O verso “Receita, isso é coisa nossa e a viola chora essa melodia” reforça o tom de deboche, sugerindo que a relação com o fisco já faz parte da cultura popular brasileira.

A letra também ironiza as reformas tributárias e a burocracia, como em “Mas um dia chegou a reforma / Mudou tudo com uma norma / É uma burocracia”, mostrando que as mudanças no sistema só aumentam a complexidade e estimulam novas formas de driblar as regras. Termos como "split-payment" e a ideia de que o cliente "agora é fiscal" refletem as recentes mudanças na legislação, que transferem parte da responsabilidade do pagamento de impostos para o consumidor, dificultando as tradicionais "escapadas". No refrão, o dilema do comerciante fica claro: “Se eu pago todo esse imposto / O pão fica mais caro ou fecho a padaria”, mostrando como a alta carga tributária pode inviabilizar pequenos negócios e impactar o consumidor final. Assim, Raphael Dos Anjos faz uma crítica social bem-humorada, expondo a distância entre a teoria das leis e a realidade econômica do país.