Chiclete e Cabochard

Solidão e esperança em “Chiclete e Cabochard” na cidade

“Chiclete e Cabochard”, da Rede Globo, explora a solidão urbana e a busca por conexão em meio à rotina exaustiva de São Paulo nos anos 1970. O título une dois símbolos contrastantes: “chiclete”, que representa o trivial e passageiro do cotidiano, e “cabochard”, perfume francês clássico, que remete à sofisticação e à nostalgia. Essa dualidade reflete o contraste entre o comum e o idealizado, especialmente na lembrança de alguém especial. A música ganha ainda mais significado ao ser associada ao personagem Dino, da novela “Duas Vidas”, reforçando o sentimento de isolamento típico das grandes cidades.

A letra descreve a cidade à noite, com suas luzes e a garoa, enquanto o narrador sente a ausência da pessoa amada, vista como “tão boa e elegante, chiclete e cabochard”. O tom é melancólico, evidenciado por versos como “toco o meu barco insone” e “pobre cão sem dono”, que expressam o vazio e a espera por um contato que nunca chega. O esforço para disfarçar a tristeza aparece em “fingindo alegria, até invento uma canção”, mas a solidão persiste. O desejo de reencontro, mesmo que apenas em sonho, “num trecho da avenida São João”, mostra como a música utiliza imagens urbanas e referências culturais para aprofundar o sentimento de saudade e esperança de quem vive à espera de um alívio para a ausência.