O Dia do Corno

Humor e crítica social em “O Dia do Corno” de Reginaldo Rossi

Em “O Dia do Corno”, Reginaldo Rossi transforma a dor da traição em motivo de união e celebração, usando o humor para desafiar o estigma social do traído. A música propõe que, em vez de sofrerem sozinhos, os "cornos" podem se reunir, compartilhar experiências e até rir da própria situação. Isso fica evidente nos versos “Vamos tomar um bom porre pra comemorar” e “Vamos unir nossas dores, chorar e beber”, que sugerem um clima de camaradagem e aceitação coletiva. Rossi se inspira em tradições como o “Dia de Cornos” açoriano, onde a condição de traído é celebrada publicamente, invertendo a vergonha em festa.

Além do tom descontraído, a canção faz uma crítica ao machismo e à hipocrisia masculina. No trecho “Homem adora mentir e enganar a mulher, homem adora trair, mas a quer bem fiel”, Rossi expõe a contradição de homens que exigem fidelidade enquanto traem. Ele sugere que ser traído pode ser uma forma de justiça, igualando homens e mulheres nas experiências amorosas. O uso de expressões como “Prazer Bicho! Muito Prazer! Prazer Imenso!” reforça o tom leve e irônico, mostrando que é possível encontrar solidariedade e até diversão mesmo nas situações mais dolorosas. Assim, a música desafia padrões tradicionais e propõe uma nova forma de lidar com a traição, baseada no riso e na coletividade.