Zé Pilintra

A dualidade e força de “Zé Pilintra” na música de René Sobral

A música “Zé Pilintra”, de René Sobral, explora a complexidade desse personagem central das religiões afro-brasileiras, especialmente na Umbanda. Zé Pilintra é retratado como alguém que une dois mundos: o do malandro boêmio, conhecido por seu jeito destemido e carismático, e o do guia espiritual respeitado, protetor dos mais vulneráveis e solucionador de demandas espirituais. O refrão, “Seu Zé que tá chegando / Zé Pilintra aqui chegou”, transmite a energia e a expectativa que marcam sua chegada nas giras, momentos de celebração e respeito dentro dos terreiros.

A letra faz conexões diretas com a hierarquia espiritual ao citar “Oxalá quem te mandou”, mostrando que Zé Pilintra atua sob a proteção de entidades maiores. As menções a “Pai Ogum”, “Exu” e “Pomba Gira” reforçam sua habilidade de transitar entre diferentes linhas espirituais, característica marcante desse guia. O verso “Ele quebra a demanda / Catimbó despedaçou” destaca seu papel como defensor, capaz de desfazer feitiços e resolver conflitos. Ao mesmo tempo, a música não esconde seu lado irreverente, como em “bebeu cachaça com Exu / com Pomba Gira ele dançou”, ressaltando sua ligação com a boemia e o universo popular. Dessa forma, René Sobral celebra Zé Pilintra como símbolo de resistência, fé e identidade cultural, refletindo a riqueza das tradições brasileiras.