I Do

A dualidade entre amizade e amor em “I Do” de Reneé Rapp

A música “I Do”, de Reneé Rapp, aborda de forma clara e sensível a experiência de amar alguém que não sente o mesmo, especialmente quando esse sentimento nasce de uma amizade profunda. A letra destaca o contraste entre as emoções da narradora e da pessoa amada: enquanto ela descreve estar “under a storm” (no meio de uma tempestade), a outra pessoa vê tudo de forma leve, “seeing sky-blue” (vendo o céu azul). Esse descompasso emocional é o centro da canção, mostrando o quanto é doloroso desejar reciprocidade e não encontrar.

O contexto fornecido pela própria Reneé Rapp, ao revelar que a inspiração veio de sua amizade com Alyah Chanelle Scott, aprofunda o significado da música. Ela explora a confusão entre sentimentos platônicos e românticos, além do processo de autodescoberta da sexualidade. Detalhes cotidianos, como deixar uma chave na caixa de correio para a amiga ou prolongar momentos juntos no sofá, ganham peso emocional quando há amor não correspondido. O refrão evidencia essa diferença: “When we're saying: I love you / I mean it different than you do” (Quando dizemos: eu te amo / Eu quero dizer algo diferente do que você quer). O medo de nunca superar esse sentimento aparece em “Terrified I always will even after the day / You look at somebody else and you say: I do” (Assustada, acho que sempre vou amar, mesmo depois do dia em que você olhar para outra pessoa e disser: sim), reforçando a sensação de perda. O título “I Do” funciona como um duplo sentido, remetendo tanto à declaração de amor quanto à promessa de casamento, ampliando o impacto emocional da música.

No fim, “I Do” retrata com honestidade a vulnerabilidade e a complexidade dos sentimentos que surgem quando amizade e amor se misturam, tornando-se um relato autêntico sobre conexões intensas e difíceis de rotular.