Condição / Bagunça (part. Alice Wegmann)

Autonomia em “Condição / Bagunça (part. Alice Wegmann)”

“Condição / Bagunça (part. Alice Wegmann)”, de Rensga Hits, veste a sofrência com regras claras: permite a bagunça do corpo, mas blinda o coração. Na voz de Alice Wegmann como Raíssa Medeiros em Rensga Hits!, a letra ecoa a personagem traída no dia do casamento. “Nem tudo que brilha é ouro” desmonta a fantasia do amor perfeito e explica por que agora ela impõe condições. O refrão funciona como contrato afetivo, na linha do feminejo: “Agora é pra valer / Só vai ficar se você aprender” estabelece limites; “Não fala que me ama e nem me pede mais” corta a expectativa romântica; e “Agora já ‘tá claro que o esforço não compensa” confirma que não haverá conserto, apenas um arranjo que preserve a paz dela.

O pacto separa desejo de afeto. “Um beijo conhecido / Coisa de pele é mais simples do que pensa” admite a vontade física sem reabrir feridas. O duplo sentido aparece no centro da proposta: “Bagunça meu cabelo, minha roupa… e até o meu colchão / Bagunça tudo menos o meu coração”. A bagunça pode ser do cabelo, da roupa e do colchão — o corpo; o coração, não. Até o comentário “Ai sofrência, aí é moda demais!” pisca para o gênero: reconhece a dor, mas escolhe manter a rédea da própria história. No fim, a música sela o acordo de desapego: você pode ficar, desde que respeite a condição que mantém o coração intacto — prazer com limites, autonomia acima da carência.