Astronauta

Solidão e ironia tecnológica em “Astronauta” dos Os Replicantes

A música “Astronauta”, da banda Os Replicantes, usa a figura de um astronauta rejeitado na Lua para ironizar a solidão e a busca frustrada por afeto em um mundo cada vez mais tecnológico. Logo no início, o tom sarcástico se destaca quando a rejeição amorosa do personagem vira um evento público: “Quando ela disse 'cai fora', a lua inteira soube na hora”. Esse trecho expõe o isolamento do protagonista em um ambiente artificial, onde até o chefe é descrito como um “robô desalmado”. A letra faz uma crítica direta à desumanização das relações, mostrando que, mesmo em um cenário futurista, a carência afetiva não só persiste, mas se intensifica.

Ao voltar para a Terra, o astronauta tenta preencher o vazio com prazeres momentâneos: “Gastei o meu dinheiro nos prazeres do sexo”. No entanto, a sensação de alienação continua. A decisão de se casar com a robô Bebel escancara o tema da substituição das relações humanas por interações artificiais, refletindo a preocupação da banda com a dependência crescente da tecnologia para suprir necessidades emocionais. O verso “abençoo toda a indústria eletrônica por ter criado a minha nova esposa fiel” traz uma ironia clara, ao mesmo tempo em que revela o medo de que até essa relação artificial seja passageira, como mostra o receio de que Bebel “vá enferrujar também”. Assim, “Astronauta” faz uma crítica bem-humorada à solidão e à superficialidade das conexões em uma sociedade cada vez mais mecanizada.