Boy Do Subterrâneo

Marginalização e distopia em “Boy Do Subterrâneo” dos Replicantes

Em “Boy Do Subterrâneo”, da banda Os Replicantes, a letra apresenta um protagonista que se vê como “um rato do esgoto cloacal” e “um verme”, expressando de forma direta a sensação de marginalização e exclusão social. Essas imagens reforçam o ambiente sombrio e urbano típico do punk dos anos 1980, onde personagens vivem à margem, invisíveis para a sociedade. A menção à “gangue do blusão” e ao “canto no porão” aprofunda esse cenário de isolamento, enquanto a frase “meu destino era morrer na contramão” indica uma vida marcada pela resistência e pelo confronto com as normas sociais.

O surgimento de uma menina, descrito como uma mordida de cobra que “envenenou a escuridão”, traz uma mudança inesperada, mas não necessariamente positiva. O veneno pode simbolizar tanto uma paixão intensa quanto uma nova forma de alienação, já que o relacionamento resulta em filhos “mutantes” e em uma existência confinada em um “abrigo nuclear”. Essa referência ao abrigo nuclear remete ao clima de medo e incerteza dos anos 1980, marcado pela ameaça de destruição e pelo pessimismo em relação ao futuro. O desejo de que “tudo fosse como era antes” e a percepção de que “o sol nunca mais vai brilhar” reforçam o sentimento de desesperança, mostrando que, mesmo diante de uma possível redenção amorosa, o protagonista permanece preso a um mundo sem saída, dominado pela exclusão e pela ameaça constante de destruição.