Fruto Proibido

Desejo e liberdade feminina em "Fruto Proibido" de Rita Lee

"Fruto Proibido", de Rita Lee, aborda de forma leve e provocativa o desejo de ultrapassar limites e experimentar o que é considerado proibido, especialmente sob a perspectiva feminina. O título e o refrão fazem referência ao "pecado original" bíblico, mas aqui o "fruto proibido" representa mais do que desobediência: simboliza a busca consciente por liberdade, prazer e autoconhecimento. Quando Rita canta “Comer um fruto que é proibido, você não acha irresistível?”, ela sugere que a atração pelo proibido é algo natural e até necessário para encontrar o próprio "paraíso", invertendo a ideia tradicional de culpa ligada ao desejo.

O contexto do lançamento do álbum, durante a Ditadura Militar e em um cenário musical dominado por homens, reforça o tom de resistência e empoderamento da música. Rita Lee, recém-saída dos Mutantes, usa versos como “Quem foi que disse que eu devo me cuidar? Tem certas coisas que a gente não consegue controlar” para afirmar sua autonomia e questionar padrões impostos à mulher. Essa postura desafia a moralidade conservadora da época e propõe uma visão mais livre e autêntica da mulher, que não se limita ao que esperam dela. O tom irônico e descontraído, especialmente em “Acho que não!”, mostra que Rita enfrenta as tentações e críticas com humor e autoconfiança, tornando "Fruto Proibido" um marco de ousadia e autoafirmação feminina.