Stalin Wasn't Stallin'

Ironia histórica e memória em “Stalin Wasn't Stallin'”

Na versão de "Stalin Wasn't Stallin'", Robert Wyatt adota um tom satírico e utiliza o sotaque cockney para criar uma camada de ironia que contrasta com o conteúdo heroico da letra. A música exalta Stalin como figura central na derrota de Hitler, mas faz isso de forma a provocar o ouvinte sobre a memória seletiva do Ocidente, que, durante a Guerra Fria, preferiu ignorar a aliança com a União Soviética contra o nazismo. O refrão repetido – “Stalin wasn't stallin' / When he told the beast of berlin...” (Stalin não estava enrolando / Quando ele enfrentou a besta de Berlim...) – reforça a ideia de que Stalin agiu com firmeza, questionando a narrativa ocidental predominante na época em que Wyatt gravou a canção.

A letra utiliza metáforas simples e bem-humoradas, como a personificação de Hitler como "criação do diabo" e a União Soviética como um "urso russo" que "agarra o fuhrer com dentes e garras, dia e noite". Essa abordagem transforma eventos históricos complexos em uma espécie de fábula, facilitando a compreensão e ironizando a tendência de simplificar papéis de vilão e herói. O trecho “the devil sat upon it, that's how adolf was born” (o diabo se sentou sobre isso, foi assim que Adolf nasceu) exemplifica esse tom quase caricatural. Ao mencionar o "noble fighting yank" (nobre ianque lutador) e a união com os ingleses, a música também ironiza o espírito de aliança, destacando como esses laços foram renegados depois. Wyatt, ao revisitar a canção em plena Guerra Fria, usa o humor para provocar reflexão sobre como a história é moldada conforme interesses políticos.