Rotina

O cotidiano como cenário de amor em “Rotina” de Roberto Carlos

“Rotina”, de Roberto Carlos, mostra como o amor pode se fortalecer mesmo diante da previsibilidade do dia a dia. A letra transforma situações comuns, como acordar, tomar banho ou tomar café da manhã, em momentos cheios de desejo e saudade. Assim, a rotina deixa de ser apenas monótona e passa a ser o espaço onde o sentimento se renova a cada dia. A música tem uma estrutura quase cinematográfica, em que cada estrofe funciona como uma cena visual, aproximando o ouvinte da intimidade do casal. Isso permite perceber como pequenas ações diárias são marcadas pela ausência e pela expectativa do reencontro.

A repetição da expressão “um dia de rotina” reforça a ideia de ciclo, mas, em vez de sugerir tédio, destaca a constância de um amor que resiste ao tempo e às obrigações. O personagem, mesmo distante fisicamente, mantém o pensamento na parceira, imaginando seus gestos e sentimentos ao longo do dia, como nos versos “a água morna a deslizar no corpo dela” e “ela se perde pensativa... e olhando a fumaça para e pensa em mim”. Esses detalhes do cotidiano ganham um tom nostálgico e íntimo, mostrando como a rotina é atravessada pelo desejo e pela espera. O reencontro ao final do dia, descrito como um momento de plenitude, sugere que o amor do casal não só resiste, mas se alimenta dessa saudade diária, tornando cada “dia de rotina” uma nova chance de recomeço.