Retrô (part. Derxan, LEALL, Btrem, Major RD e Big Bllakk)

Vivência e resistência nas rimas de “Retrô” do Rock Danger

“Retrô”, do coletivo Rock Danger, traz um retrato direto e autêntico da vida nas comunidades do Rio de Janeiro. A música vai além da simples nostalgia ao usar o conceito de "retrô" como símbolo de resistência e resgate de valores essenciais para quem enfrenta a realidade da periferia. Isso fica claro em versos como “Seguindo a tradição, igual meu avô malandro bom” e “Eu que fui a própria resistência / Sem ter curso de eletricista”, que mostram como a luta diária e a superação são parte da identidade dos artistas. O sucesso alcançado por eles é apresentado como resultado de esforço e resiliência, não de sorte ou privilégio.

A faixa faz parte da mixtape “Rock Danger de Verão”, que propõe um olhar sobre o verão carioca a partir das favelas, fugindo do clichê de festa para abordar temas como violência policial (“Morreu mais um jovem inocente lá em cima do morro”), desigualdade social (“Da tua janela, tu vê praia ou caveirão da bope?”) e a busca por reconhecimento. As referências bíblicas e históricas, como “Tão me chamando de Noé pra entrar no Navio” e “Atravessando os 7 mares e o mar vermelho”, ampliam o sentido de travessia e sobrevivência, transformando a luta cotidiana em uma jornada quase épica. O orgulho de superar as adversidades aparece em versos como “Hoje vários para pra falar que me apoiou um dia / Acho engraçado a hipocrisia”, ressaltando que o reconhecimento só chega após a vitória, enquanto o caminho é solitário e cheio de desafios.

A linguagem urbana, com gírias e referências ao cotidiano, reforça a autenticidade da narrativa. “Retrô” celebra a autoestima e a valorização das origens, sem romantizar as dificuldades, mostrando que o sucesso é fruto de persistência e de nunca esquecer quem realmente esteve ao lado durante a caminhada.