Maré

Ciclos e aceitação na canção “Maré” de Rodrigo Amarante

A música “Maré”, de Rodrigo Amarante, aborda como a vida é influenciada por forças inevitáveis, como desejos, sonhos e o próprio tempo. Inspirada no provérbio espanhol “a maré leva o que traz”, a canção já nos primeiros versos — “A maré que leva / É a maré que traz” — sugere que tudo é cíclico e que estamos sujeitos a movimentos naturais e emocionais que fogem ao nosso controle. Amarante define a faixa como uma “reza utópica do não querer”, o que se reflete no verso “Sorte é não querer mais que viver”, indicando que aceitar a vida como ela é, sem buscar excessos, pode ser a verdadeira sorte.

A letra alterna entre a busca por sentido e a aceitação do fluxo da existência, como mostram os versos “Fosse só sentir / Precisei saber / Só me resta entender” e “Fosse só saber / Precisei sentir / Só me resta insistir”. Esses trechos evidenciam o equilíbrio entre razão e emoção, reforçado por “Entre a razão e a fé, eu sei”. O videoclipe, que retrata o processo criativo, reforça a ideia de entrega ao desconhecido, assim como a maré. A referência à lua — “Lua puxa o véu / Mexe o mar em mim / De Pierrot à Arlequim” — traz à tona temas de transformação e dualidade, mostrando como somos moldados por forças externas e internas. No final, “É ter amor pra dar / Quem não tem?” sugere que a generosidade e a simplicidade são respostas possíveis diante da complexidade da vida, alinhando-se ao tom sereno e contemplativo da música.