Tucunaré Jacarandá

Crítica à brasilidade forçada em “Tucunaré Jacarandá”

Em “Tucunaré Jacarandá”, Rodrigo Sanchez e Leo Cupuaçu usam o refrão com os nomes do peixe e da árvore não só para celebrar elementos da natureza brasileira, mas principalmente para ironizar o uso exagerado de símbolos nacionais na música. A escolha desses termos funciona como uma paródia, apontando para a tendência de alguns artistas de recorrerem a referências naturais de forma forçada, tentando parecer profundos ou autênticos sem um real significado por trás. Sanchez, por meio de um personagem, repete essas imagens de maneira quase absurda, escancarando o vazio que pode existir quando se tenta criar uma identidade cultural artificial na canção.

A letra também brinca com frases típicas de músicas reflexivas, como “São tantos amores / São tantas lições / Palavras concretas e abstrações”, e questionamentos existenciais genéricos, como “O que é a vida? Pergunto a vocês”. Ao inserir esses clichês cercados por um refrão nonsense, a música satiriza a seriedade exagerada de certos compositores e a mania de transformar qualquer detalhe cotidiano em metáfora. Assim, “Tucunaré Jacarandá” faz uma crítica bem-humorada ao academicismo e à busca por originalidade a qualquer preço, usando o humor e o absurdo para expor o artificialismo presente em parte da produção musical contemporânea.