Fogo Santificador

Pentecostes e purificação atual em “Fogo Santificador”

Na abertura, o verso “Vem do lado aberto de Jesus Cristo” costura a invocação do Espírito à cena da crucificação (Jo 19,34), quando água e sangue jorram como sinal sacramental da vida nova. Daí a ponte com Pentecostes: “Como em Pentecostes / Com línguas de fogo”. O fogo aparece como amor que aquece e purifica — ecoado em “arde outra vez o teu amor” e no título “fogo santificador”. O vento do Espírito também é central: o “vento impetuoso” de Atos 2 e a palavra “Ruah” (sopro divino) reforçam o sopro que dá vida e reacende a fé. Ao citar “Shekinah” (presença manifesta de Deus), a canção pede uma presença percebida, não abstrata.

A trajetória orante fica clara em “Faz Senhor deste lugar / Cenáculo em fogo santo”: a comunidade deseja transformar o agora no Cenáculo, onde tudo começou. O pedido culmina no refrão “Vem Santo Espírito”, que conduz à entrega — “em tua presença nos derramamos” — e ao desejo de consagração: “Santificar teu povo que anseia / Ser tua pertença”. Ao pedir “Que a Shekinah se estabeleça” (presença manifesta de Deus), a letra busca permanência, não só emoção passageira. Esse vocabulário litúrgico e carismático dialoga com a caminhada de Rodrigo Vieira na comunidade católica Nova Berith e com sua atuação na música católica contemporânea; o reconhecimento do álbum “Meu Sol” e indicações ao Troféu Louvemos o Senhor ajudam a explicar o foco em avivamento comunitário, esperança e consolação.