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Chico Beleza

Rolando Boldrin

Letra

    Pelas areia da estrada
    Com as perna já meio bamba
    Um despotismo de gente
    Vinha cantando num samba
    Fazendo um grande berreiro

    E quem puxava a estrovanca
    Era o Mané Cachaceiro
    O mais grande dos violeiro
    Que em todo o sertão gemia
    E era anssim que ele cantava
    E no canto anssim dizia

    (Diz os véio de outras era
    Que quando São João sentia
    Sôdade de Jesus Cristo
    E da sua companhia
    Garrava logo na viola
    Pra chorá sua sôdade
    E a sua melancolia)

    Entonce logo os apóstro
    Assombrando o istruvío
    Cada um seu pé de verso
    Cantava no desafío

    A Mãe de Cristo chorava
    E as água que derramava da fonte do coração
    Caía nas corda santa
    Da viola de São João

    Pru via disso é que o pinho
    Instrumento sem rivá
    Quando se põe-se chorando
    Se põe-se a gente a chorá

    Foi aí, nesse festêro
    Que eu vi o Chico Sambêro
    Um sambadô sem segundo
    Mas porém, feio, tão feio
    Que toda a gente dizia
    Que foi o home mais feio
    Que Deus botou nesse mundo

    Tinha a cara de priguiça
    Cabeça de mano véio
    E pescoço de aribú
    A boca quando se ria
    Taquarmente paricia
    A boca de um canguru

    Tinha as orêia de porco
    E os dente de caitetú
    Tinha barriga de sapo
    E o nariz impipocado
    Figurava um ginipapo

    Os braço era taliquá
    Dois braço sirigaitado
    Dum véio tamanduá
    Os óio, dois birimbau
    As perna fina alembrava
    As perna dum pica-pau

    O queixo de capivara
    Tinha um bigode pur riba
    Que quáge tapava a cara
    Os cabelo surupinho
    Era sem tirá nem pô
    Cabelo de porco-espinho

    Im concruzão, pra findá
    Tinha os dedo de gambá
    Os ombro redondo e chato
    E os pé que nem pé de pato

    Inda mais, pra cumpretá
    Aquela xeringamança
    E feiúra de pagode
    Oo home quando se ria
    Era um cavalo rinchando
    E quando táva suando
    Tinha um ôroma de bode

    A pois bem! Esse raboêza
    Que era pru todas as bôca
    Chamado Chico Beleza
    Esse horrive lubisome
    Que era mais feio que a fome
    Mais feio que o demo inté

    Quando as perna sacudia
    Sambando nargum banzé
    Infeitiçando as viola
    Apaxonando as muié
    Trazia toda as cabôca
    Cumo um capaxo, dibaxo
    Das duas sola do pé

    Composição: Catulo da Paixão Cearense. Essa informação está errada? Nos avise.

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