Ego

Relações superficiais e autopercepção em “Ego” de Romy Mars

Em “Ego”, Romy Mars utiliza ironia para abordar relações marcadas por narcisismo e desequilíbrio de poder. Logo no início, a artista propõe que seu corpo seja usado como projeção do ego do parceiro, evidenciando uma dinâmica em que a intimidade física serve mais para alimentar a vaidade e as inseguranças do outro do que para criar uma conexão real. O verso “Could you close your eyes and pretend my body's your ego?” (Você poderia fechar os olhos e fingir que meu corpo é o seu ego?) deixa claro esse jogo de papéis, enquanto “We could go all night long as it's not about me though” (Podemos ir a noite toda, desde que não seja sobre mim) reforça o tom confessional e sarcástico, denunciando a falta de reciprocidade emocional.

A letra também explora o impacto dessa relação na autopercepção da narradora, que se sente reduzida a um objeto de desejo ou validação. Frases como “If you wanna see how thin on ice you are, feel my waist” (Se quiser saber o quão instável você está, sinta minha cintura) e “Wanna know how pretty life was without you, look at my face” (Quer saber como a vida era bonita sem você? Olhe para o meu rosto) misturam sensualidade e distanciamento, mostrando a consciência da narradora sobre o papel superficial que lhe é imposto. O trecho “Don’t I look hot crying? While I'm slowly dying” (Não estou bonita chorando? Enquanto estou morrendo por dentro) intensifica o contraste entre aparência e sofrimento, evidenciando a pressão de manter uma imagem perfeita mesmo na vulnerabilidade. O contexto de Romy Mars, filha de figuras públicas e exposta desde cedo ao universo das aparências, reforça a crítica à superficialidade das relações e à busca constante por validação externa.