Cantares

A delicadeza do amor sutil em “Cantares” de Ronaldo Miranda

A música “Cantares”, de Ronaldo Miranda, apresenta uma visão do amor marcada pela sutileza e pela paciência. Em vez de retratar o amor como uma paixão intensa e imediata, a canção valoriza a presença discreta desse sentimento, que se manifesta de forma leve e quase imperceptível. Imagens como “brando como a brisa imaterial da madrugada” e “mais feito de olhar que de contato” mostram que o amor, para o compositor, se constrói na delicadeza dos gestos e na contemplação, não na urgência do toque ou na necessidade de posse. O contexto de criação da música reforça essa ideia, já que Miranda compôs “Cantares” para exaltar a espera tranquila, sugerindo que o amor verdadeiro surge “calmo e sem pernoites”, de maneira natural e inevitável.

A letra também amplia o significado do amor ao usar metáforas que apontam para o futuro e para a incerteza, como em “mais feito de futuro que presente” e “pobre como as aves imigrantes, sem pousada”. Essas imagens evocam um sentimento que ainda está por vir, carregado de esperança e abertura para o desconhecido, sem promessas ou garantias. O verso “venha em silêncio com um barco deslizando na corrente” reforça a atmosfera contemplativa, sugerindo que o amor chega de forma suave e silenciosa. Assim, “Cantares” se destaca por celebrar a beleza do amor que se revela aos poucos, valorizando o tempo, o silêncio e a leveza como elementos essenciais para que esse sentimento floresça de maneira autêntica e duradoura.