Dios Es Un Stalker

A exposição e o sarcasmo em “Dios Es Un Stalker” de ROSALÍA

Em “Dios Es Un Stalker”, ROSALÍA usa ironia para transformar a ideia de onipresença divina em algo sufocante e atual, comparando-a ao comportamento de "stalkear" nas redes sociais. Quando canta “La omnipresencia me tiene agotada” (A onipresença me deixa exausta), ela expressa o cansaço de ser constantemente observada, tanto pela fama quanto pela exposição digital. O verso “No me gusta hacer intervención divina / Pero, a mi baby, yo lo voy a stalkear” (Não gosto de fazer intervenção divina / Mas, meu bem, eu vou te stalkear) brinca com a ideia de que até uma figura divina pode se render à curiosidade obsessiva, misturando desejo, vigilância e poder.

A música também aborda o paradoxo de ser adorada e, ao mesmo tempo, sentir-se invadida ou solitária. Trechos como “Todo el mundo me quiere de su la'o / Tengo el buzón explota'o” (Todo mundo me quer do seu lado / Minha caixa de mensagens está lotada) mostram a pressão constante do público. Já “Vivo en la' nubes arriba / Y el diablo presta apreta'o” (Vivo nas nuvens lá em cima / E o diabo está de olho) sugere uma vida entre o sagrado e o mundano, sempre sob tensão. Ao usar "stalkear" como metáfora para o amor obsessivo e o desejo de controle, ROSALÍA questiona os limites entre o divino, o íntimo e o público, expondo o preço de ser uma figura pública e a dificuldade de manter a própria identidade diante da vigilância constante.