Magnolias

Rituais de despedida e celebração em “Magnolias” de ROSALÍA

Em “Magnolias”, ROSALÍA transforma a ideia tradicional de funeral em uma celebração cheia de vida e intensidade. Ao mencionar “KTMs queimando rueda” (motos acelerando) e convidados jogando magnólias sobre seu caixão, a artista propõe uma despedida marcada por alegria, paixão e lembranças, em vez de tristeza. Elementos como gasolina, vinho tinto, charutos e chocolate, citados na letra, reforçam esse clima festivo, sugerindo que o adeus deve ser repleto de tudo aquilo que representa prazer e memória coletiva.

O pedido “Tírame magnolias” (“Jogue magnólias em mim”) destaca o simbolismo da flor, associada à nobreza e respeito, e mostra o desejo de ser lembrada com dignidade. A presença de amigos e inimigos chorando juntos no funeral sugere reconciliação e a ideia de que, diante da morte, as diferenças perdem importância. Trechos como “Dios desciende y yo asciendo / Nos encontramos en el medio” (“Deus desce e eu subo / Nos encontramos no meio”) revelam uma dimensão espiritual, conectando o terreno ao divino e expressando gratidão até mesmo pelas experiências dolorosas, como em “Algún que otro navajazo me he llevado de la vida / Ella a mí me desarmó y yo le estoy agradecida” (“Levei algumas facadas da vida / Ela me desarmou e sou grata por isso”). O final, com a promessa de proteger o próprio nome e a imagem de “me convierto en polvo / Pa' volver con ellas” (“me torno pó / Para voltar com elas”), encerra a música com aceitação da mortalidade e a crença em um retorno ao universo, reforçando o tom reflexivo e sensível da faixa.