Sexo, Violencia y Llantas

Dualidade entre prazer e transcendência em “Sexo, Violencia y Llantas”

"Sexo, Violencia y Llantas", faixa de abertura do álbum "LUX" de ROSALÍA, apresenta de forma clara o principal conflito do disco: a tensão entre o desejo pelos prazeres e dores do mundo físico e a busca por uma dimensão espiritual mais elevada. Logo no início, o verso “Quién pudiera vivir entre los dos / Primero amaré el mundo y luego amaré a Dios” (“Quem pudesse viver entre os dois / Primeiro amarei o mundo e depois amarei a Deus”) deixa evidente essa dualidade. ROSALÍA sugere que a experiência terrena é um passo necessário antes da busca pelo divino, estabelecendo uma ordem de prioridades que parte do concreto para o espiritual.

A letra constrói dois universos opostos. O primeiro, representado por “sexo, violencia y llantas” e “deportes de sangre, monedas en gargantas” (“esportes sangrentos, moedas nas gargantas”), retrata um cotidiano intenso, materialista e até brutal, dominado pelo desejo, pelo risco e pelo dinheiro. O segundo universo, com “destellos, palomas y santas” (“brilhos, pombas e santas”), traz imagens de pureza e espiritualidade. O trecho “la gracia y el fruto y el beso de la balanza” (“a graça, o fruto e o beijo da balança”) sugere equilíbrio e recompensa espiritual, reforçando o tema do álbum de buscar harmonia entre extremos. O contexto do álbum, que mistura espiritualidade, múltiplos idiomas e orquestra sinfônica, amplia essa busca por transcendência. A transição musical para a faixa seguinte, “Reliquia”, reforça a ideia de passagem entre mundos, mostrando que, para ROSALÍA, viver plenamente é navegar entre o mundano e o sagrado.