Asas do Prazer

Desejo e entrega em “Asas do Prazer”, do Roupa Nova

“Asas do Prazer”, lançada em 1990 no álbum Frente e Versos e composta por Kiko e Ricardo Feghali, condensa a veia romântica do Roupa Nova ao narrar um encontro casual que vira pacto íntimo. A abertura “uma luz escapou, esbarrou em você” tira os protagonistas do anonimato e instala um segredo compartilhado. A frase “quero ser seu herói/indefeso bandido” revela o eixo da canção: proteção e entrega, força e vulnerabilidade. Na pressa de um desejo que dispensa formalidades — “Seja você quem for” e “Mal posso esperar” —, o olhar funciona como ponto de virada: “Magia de amor pôs meus olhos nos seus”.

Do impacto visual nasce a reação do corpo: “Nasce uma explosão de desejos, dos sentidos”, seguida do pedido para “entrar no seu jeito de amar”. As imagens de movimento transformam toque e abraço em travessia conjunta — “voar nas asas do prazer”, “viajar”, “Tudo o que eu quero é te sentir…”. O eu lírico alterna ternura e urgência: quer proteger como “herói”, mas assume a fragilidade do “indefeso bandido”. A busca vai além do físico — “teu corpo inteiro me perder” — e mira a paridade afetiva de um mundo a dois: “Só eu e você, seremos iguais”. Com melodia envolvente e linguagem direta, a banda capta a tensão doce entre expectativa e desejo compartilhado, marca que ajuda a explicar a permanência de “Asas do Prazer” no repertório romântico do grupo.