Princesa

Luz, som e entrega em “Princesa”, do Roupa Nova: permanência

“Princesa” apresenta um amor em descoberta que pede entrega e promete ficar. O campo sensorial traduz o sentimento: “luz” e “som” “explodem” e “se expandem”, culminando em “Sempre, pra sempre”, a promessa de permanência. O sujeito amoroso avança de “Sou do seu querer” para “Sou o seu querer”, deixando de apenas pertencer ao desejo dela para se tornar o próprio desejo correspondido. Ao declarar “Vale tentar viver tudo de mais”, a canção convida a arriscar e viver intensamente, e a sequência “Aprender, conhecer, revelar” — repetida ao longo da letra — transforma o romance em um processo de conhecimento.

As imagens da natureza dão corpo a essa união. “Na chuva da montanha / Vem se molhar” chama para a experiência compartilhada, enquanto “Estrela cintilante / Vem me valer” trata a estrela como guia e amuleto afetivo. O desejo se expande com “Me faz arder em brasa / Vem e me ascende / Chama, me chama”: “chama” funciona como fogo e como chamado, e “ascende” pode sugerir acender a paixão e também elevar o casal. Entre o pedido — “Sou quem vem pedir” — e a chegada — “Sou quem vai chegar” —, a narrativa se fecha na entrega mútua. Esse desenho lírico, delicado e confiante, é típico da parceria Flávio Venturini/Ronaldo Bastos e combina com a identidade do Roupa Nova no soft rock romântico de melodia suave, que reforça ternura, esperança e afeto — um perfil que ajudou a banda a brilhar em baladas e trilhas sonoras.