Paint

Entrega, desejo e feminilidade em “Paint”, de Roxette

Em “Paint”, de Roxette, Per Gessle usa a imagem de pintar como pedido de ajuste emocional e físico no relacionamento. Quando ela diz “Paint me right” (Pinte-me do jeito certo), pede para ser tocada e compreendida no compasso exato, de modo a deixar marca real. Em “I’m the pearl” (Eu sou a pérola), afirma valor e delicadeza, sugerindo que quer ocupar o centro do mundo do outro. Lançada no álbum Look Sharp! (1988), a canção gira em torno da entrega total, reforçada pela interpretação intensa de Marie Fredriksson; fãs destacam a urgência de “Can you feel the heat in me tonight?” (Você consegue sentir o calor em mim esta noite?).

A narrativa corre em alta voltagem: “hot chilly feeling” (sensação quente e fria) e o impulso de “run through this minute like a hurricane” (correr por este minuto como um furacão) mostram o corpo em aceleração. O verso “tighten my wire from the sense to the soul” (tensionar meu fio do sentido à alma) conecta desejo físico e dimensão íntima; “is that your heartbeat?” (esse é o seu coração batendo?) busca sincronia. Em meio aos “riddles of the modern man” (enigmas do homem moderno), ao “late night show” (programa de fim de noite) e à pressão de “back to the wall” (de costas para a parede), ela escolhe a entrega: “Paint your love all over my world / I can feel the woman in me tonight” (Pinte seu amor por todo o meu mundo / Eu posso sentir a mulher em mim esta noite). “Pearl” simboliza valor e fragilidade; numa leitura sensual, a feminilidade emerge do atrito, e a “pintura” vira linguagem de toque, presença e compromisso.