What's She Like?

Em “What's She Like?”, o apego que impede o adeus final

A curiosidade sobre a nova parceira vira um modo de manter a ferida aberta. As perguntas repetidas soam menos como busca de informação e mais como tentativa de permanecer preso ao que acabou. Por isso, a confissão “I’ve been holding on for far too long” (tenho me agarrado a isso por tempo demais) aparece tantas vezes: ela escancara a dificuldade de soltar o passado, tema central desta balada do Roxette, que fala de sentimentos persistentes e da curiosidade de quem não superou.

A narrativa é simples e dolorida: o eu lírico imagina cenas íntimas que agora pertencem a outros — “When she turns around to kiss you goodnight? / When you’re making love and stars are in her eyes?” (Quando ela se vira para te dar um beijo de boa noite? / Quando vocês fazem amor e há estrelas nos olhos dela?) — para medir se o que existia com ele ainda existe, só que com outra. As imagens criam contrastes e alimentam a comparação: “The yellow Moon or the deep blue of the sea?” (a Lua amarela ou o azul profundo do mar?). Quando chega o teste real, “When push comes to shove” (na hora H), o narrador quer saber se ela sussurra “she’s in love” (ela está apaixonada) do mesmo jeito. “I never knew I could love somebody the way that I loved you” (eu nunca soube que poderia amar alguém do jeito que amei você) fixa a intensidade do que foi, enquanto “nothing hurts you like the truth” (nada machuca tanto quanto a verdade) admite o golpe final: a verdade de que o outro seguiu em frente. No fim, ficam a saudade, o ciúme e a busca obsessiva por respostas que não trazem o encerramento desejado.