Cachorro

Liberdade e leveza em "Cachorro" de Rubel

Em "Cachorro", Rubel utiliza a imagem do cachorro nadando livremente na água — "sem nome, nem mimo, nem nada / Nem chão pra dar pé" — para simbolizar o desejo de se libertar das pressões sociais e das expectativas externas. O cachorro, tradicionalmente associado à lealdade e simplicidade, aqui representa a busca por uma existência mais autêntica, espontânea e desapegada de rótulos. A canção transmite uma vontade de viver o presente, sem o peso do passado ou das obrigações, criando uma atmosfera leve e contemplativa.

A letra também aborda a necessidade de romper com a autoimagem construída, como no trecho "sair da minha própria vitrine / virar meu avesso / poder dar no pé". Rubel sugere um retorno à autenticidade e à inocência, evocando lembranças de infância: "feito um moleque rodando a cidade / buscando uma pipa, com pouco de pressa / com muito de fé". As imagens lúdicas, como nuvens que se transformam em cavalos ou dinossauros, reforçam o tom sonhador da música. O desejo de que o canto "destelhe a cabeça" e amoleça os nós do coração mostra a música como espaço de cura e renovação. Mesmo sem explicações diretas do artista, "Cachorro" convida o ouvinte a experimentar sensações de leveza, saudade e esperança, onde a liberdade de "inventar besteira sem hesitação" se transforma em um manifesto de reconstrução pessoal.