A Velha A Fiar

Cadeia de acontecimentos e persistência em “A Velha A Fiar”

“A Velha A Fiar”, interpretada por Rubinho do Vale, transforma uma cena simples do cotidiano — uma velha fiando — em uma sequência de eventos cada vez mais complexos, seguindo a estrutura acumulativa típica das lenga-lengas do folclore português. A cada novo personagem ou elemento apresentado na letra, há uma interferência no anterior, criando uma cadeia de causa e efeito que vai desde situações triviais, como “a mosca na velha e a velha a fiar”, até o desfecho existencial, com a morte encerrando o ciclo. Essa progressão não só diverte, mas também serve como ferramenta para estimular o raciocínio lógico das crianças, mostrando como pequenas ações podem desencadear reações em cadeia.

A repetição e o acúmulo de elementos — “o rato na aranha, a aranha na mosca, a mosca na velha e a velha a fiar” — reforçam a ideia de continuidade e inevitabilidade dos acontecimentos. Mesmo diante de todas as perturbações, a velha permanece fiando, o que pode ser visto como uma metáfora para a persistência diante das adversidades do dia a dia. A presença de elementos naturais (como fogo, água e boi) e humanos (homem, mulher, morte) amplia o alcance da narrativa, mostrando a interação entre seres vivos, objetos e forças maiores, até chegar ao fim inevitável representado pela morte. Ao interpretar essa canção, Rubinho do Vale mantém viva uma tradição que une humor, sabedoria popular e uma reflexão sutil sobre o ciclo da vida.