Xanadu

O dilema da imortalidade em "Xanadu" do Rush

Em "Xanadu", do Rush, a letra vai além de uma aventura épica e mergulha no paradoxo da imortalidade. Inspirada no poema "Kubla Khan" de Samuel Taylor Coleridge, a música utiliza referências como "sacred river Alph" (rio sagrado Alph) e "pleasure dome" (cúpula do prazer) para criar um cenário misterioso e fascinante, mas também marcado pelo isolamento e pela desilusão. O personagem principal, ao finalmente alcançar o lendário Xanadu e conquistar a vida eterna, percebe que a promessa de paraíso se transforma em prisão, como mostram versos como "Prison of the lost, Xanadu" (Prisão dos perdidos, Xanadu) e "A thousand years have come and gone but time has passed me by" (Mil anos se passaram, mas o tempo me deixou para trás).

O tom reflexivo da música cresce à medida que o narrador encara sua condição: ele se torna "the last immortal man" (o último homem imortal), condenado à solidão e à loucura após séculos de existência. Elementos como "dine on honey dew and drink the milk of paradise" (banquetear-se com orvalho de mel e beber o leite do paraíso) representam prazeres supremos, mas, ao serem repetidos, ganham um tom amargo, sugerindo que a abundância e a eternidade podem perder o sentido. A dúvida final, "Oh, is it paradise?" (Oh, isso é o paraíso?), resume o questionamento central da canção: aquilo que parecia ser o auge do desejo humano pode se revelar uma armadilha existencial. "Xanadu" explora de forma clara o conflito entre buscar o extraordinário e lidar com as consequências inesperadas de conquistar tudo sem limites.