Poesia Acústica #4 - Todo Mundo Odeia Acústico (part. Bob, Mv Bill, Froid, Djonga, Azzy, Delacruz)

Crítica social e vivências urbanas em “Poesia Acústica #4 - Todo Mundo Odeia Acústico”

O título “Poesia Acústica #4 - Todo Mundo Odeia Acústico” já traz uma ironia ao fazer referência à série “Todo Mundo Odeia o Chris”, conectando o cotidiano de comunidades marginalizadas à realidade do rap nacional. Essa ligação aparece em versos como “Mas seu preconceito num te deixa enxergar / Luz, vi pelo espelho o raiar do dia”, que denunciam como o preconceito impede a empatia e a compreensão entre as pessoas, reforçando o tom direto e reflexivo da música.

A faixa mistura temas pessoais e sociais, abordando amor, desilusão, resistência e críticas à hipocrisia. Versos como “Eu vi a inveja comprar o homem / Pro homem comprar algo inútil” e “A revolta da chibata mais Favela Vive / Proibido proibir, falar de racismo” mostram a preocupação dos artistas com a alienação do consumo e a luta contra o racismo e a opressão. A participação de MV Bill, conhecido pelo ativismo, intensifica essas críticas, especialmente ao ironizar quem chama denúncias de racismo de “mimimi” e ao abordar a violência policial: “O tiro que mata, mira no alvo certo / Nem tudo que é escravo, é liberto”.

Além das críticas sociais, a música fala sobre a busca por afeto e pertencimento em meio ao caos urbano, como em “Amor, amor, amor / Nesse final de semana / Vamo ficar em casa, só eu e você”. O tom sincero e urbano se mantém, equilibrando vulnerabilidade e resistência, e mostrando que, apesar das adversidades, ainda há espaço para sonhar, amar e transformar a dor em arte: “Transformei tudo num som / Amo carnaval, sou brasileiro / Lavei o rosto, eu sou guerreiro”. A canção se destaca como um retrato honesto das contradições e esperanças de quem vive à margem, mas não deixa de buscar sentido e beleza no cotidiano.