Beija Flor 2026 - Sidney de Pilares

Orgulho e resistência afro-brasileira em “Beija Flor 2026”

“Beija Flor 2026 - Sidney de Pilares”, interpretada pelo Samba Concorrente, destaca a valorização da ancestralidade e da cultura afro-brasileira. A letra faz referência direta a João de Obá como “griô sagrado”, ressaltando a importância de figuras históricas e espirituais que mantêm viva a tradição oral e religiosa do Candomblé. Essa homenagem se conecta ao Bembé do Mercado, evento central do enredo da Beija-Flor para 2026, celebrado em Santo Amaro, Bahia.

O samba critica a ideia de que a liberdade do povo negro depende de documentos oficiais, como no verso “nossa liberdade não depende de papel”, uma alusão à abolição formal da escravidão em 13 de maio. A música reforça que a verdadeira emancipação se constrói diariamente, por meio da resistência e da celebração das raízes. Elementos como o xirê (roda de dança e cânticos para os orixás), o uso de ervas e ebó para proteção espiritual, e a presença das Yabás (divindades femininas do Candomblé) são exaltados, simbolizando força e cuidado. Ao afirmar “a rua ocupamos por direito”, o samba reivindica o espaço público como local legítimo de expressão cultural e religiosa. Referências a Dona Canô, à Baixada de Todos os Santos e saudações como “Laroyê, Bará bô, axé Lonan” reforçam a ligação com os rituais do Candomblé e a ancestralidade baiana. Assim, a música se apresenta como um manifesto de orgulho, resistência e celebração das raízes afro-brasileiras, alinhada ao enredo “Bembé” e à trajetória da Beija-Flor em valorizar a memória e a luta do povo negro.