Portela 2026 - Luiz Carlos Máximo

Resistência e ancestralidade em “Portela 2026 - Luiz Carlos Máximo”

A música “Portela 2026 - Luiz Carlos Máximo”, interpretada por Samba Concorrente, destaca a trajetória de Custódio Joaquim de Almeida, príncipe africano do Benin, e sua influência na formação da identidade afro-brasileira no sul do Brasil. O verso “Assentou a África nas bombachas do Brasil” resume a fusão entre a ancestralidade africana e a cultura gaúcha, mostrando como a presença negra se firmou mesmo em um ambiente historicamente marcado pela cultura europeia. A letra evidencia as dificuldades enfrentadas pela população negra no Rio Grande do Sul, onde “ser negro por lá era quase ter que negar a própria existência”, e celebra a resistência e a espiritualidade afro-brasileira, citando elementos do candomblé, como Bará, e instrumentos típicos como o sopapo e o ngomá. Isso reforça a ideia de que a negritude é diversa e sem fronteiras, sendo uma “nação de mil bandeiras”.

O samba também ressalta a união de diferentes tradições africanas, mencionando Oyó, ijexá, nagô, jeje e cabinda, e como Custódio Joaquim, chamado de “nobre africano”, reuniu essas heranças em um só tambor, espalhando o batuque pelo Sul. O trecho “foi aí que o Bará entre as quinas do quintal, apontou pro piá a coroa ancestral” simboliza o reconhecimento da herança africana, com o “negrinho” assumindo seu lugar de orgulho e liderança. A música encerra com o verso “Virtude é não fazer ninguém de escravo”, reforçando a valorização das raízes culturais e denunciando as injustiças históricas. O enredo da Portela para 2026, que homenageia Custódio Joaquim e a espiritualidade negra no sul do Brasil, amplia o significado da canção, transformando-a em um hino de resistência, orgulho e união.