Unidos da Tijuca 2023 - Júlio Alves e Cia

Cultura e resistência em “Unidos da Tijuca 2023 - Júlio Alves e Cia”

A música “Unidos da Tijuca 2023 - Júlio Alves e Cia”, interpretada por Samba Concorrente, celebra a união entre o samba carioca e a riqueza cultural da Baía de Todos os Santos. A letra valoriza as raízes afro-brasileiras e indígenas, evidenciadas em versos como “Um banho de axé nas águas de Oxalá” e “O mar interior tupinambá / Kirimurê das ondas mansas”. Esses trechos remetem à purificação espiritual das religiões de matriz africana e à ancestralidade indígena da região. Termos como “axé”, “Oxalá”, “Ilu Ayê” e “Ilê Ayê” reforçam a presença do candomblé e da cultura afrodescendente, enquanto a menção a “Santo Antônio” destaca a convivência entre o catolicismo e as religiões afro-brasileiras, característica marcante da Bahia.

A letra também faz referência a momentos históricos importantes, como “No primeiro de novembro / Da real capitania” e “Nesse eterno dois de julho / Sou caboclo rebelado”, conectando o samba à luta pela independência da Bahia e à resistência contra a colonização. O verso “Sou tijucano rompendo quebrantos” sugere a superação de dificuldades e energias negativas, trazendo o orgulho da Unidos da Tijuca ao homenagear a baía. Elementos do cotidiano baiano, como vatapá, dendê, o mercado, a Lapinha e a Ribeira, exaltam a culinária, a música e a alegria do povo. Já “Odoyá Mamãe sereia” e “Orayeyeô Mamãe do Ouro” evocam a força das águas e das divindades femininas, simbolizando proteção e prosperidade. O refrão “E viver será só festejar” resume o espírito do Carnaval, onde a celebração cultural se transforma em resistência e alegria coletiva.