Unidos da Tijuca 2026 - Gabriel Machado

A força de Carolina Maria de Jesus em “Unidos da Tijuca 2026”

A música “Unidos da Tijuca 2026 - Gabriel Machado”, interpretada por Samba Concorrente, destaca a trajetória de Carolina Maria de Jesus e sua importância para a luta social no Brasil. O samba evidencia como Carolina, mulher negra, pobre e periférica, transformou sua experiência de marginalização em voz ativa contra as injustiças, como mostra o verso: “Já me pus aos pés da cruz a pedir perdão / Por todos que julgavam rebeldia / Mas gozavam privilégios de nascer da cor do dia”. Aqui, a letra denuncia a hipocrisia de quem a criticava sem reconhecer seus próprios privilégios raciais e sociais, reforçando o tema da reparação histórica e do reconhecimento das lutas negras, central no enredo da Unidos da Tijuca para 2026.

A canção faz referências diretas à vida e à obra de Carolina, como em “Bitita frente aos ecos do açoite” (Bitita era seu apelido de infância) e “Maria cor da noite”, ressaltando sua identidade negra e ancestralidade. O trecho “Fiz da arte um papel resistente / Dei ao lixo o valor de sonhar” remete à prática de Carolina de recolher papel e lixo para sobreviver, transformando o descartado em literatura e resistência. Ao citar “Quarto de Despejo”, a música homenageia seu livro mais famoso, que denunciou a miséria e a invisibilidade da favela. A letra valoriza a palavra como instrumento de luta e transformação, como em “É verbo que sangra na carne da rua / Clarão da justiça onde a noite é crua”, mostrando a potência de sua escrita como denúncia e esperança. O samba celebra, assim, a resistência, dignidade e relevância histórica de Carolina Maria de Jesus, alinhando-se ao tom reflexivo do enredo da escola.