Beija-Flor de Nilópolis - Samba-Enredo 1978

A Criação do Mundo e o Duelo de Amor no Samba-Enredo de Nilópolis

O samba-enredo 'Beija-Flor de Nilópolis - Samba-Enredo 1978' é uma celebração vibrante e poética da mitologia africana, especificamente da tradição Nagô. A letra começa com a evocação de um canto de alegria, simbolizando a celebração e a reverência às três princesas africanas na sagrada Bahia: Iá Kalá, Iá Detá e Iá Nassô. Essas figuras cantam a tradição Nagô, uma referência direta às raízes culturais e religiosas africanas que influenciaram profundamente a cultura brasileira, especialmente na Bahia.

A narrativa prossegue com a criação do mundo, comandada por Olorum, o senhor do infinito, que ordena a Obatalá a criação do universo. No entanto, Obatalá, desprezando Bará, adormece e se perde no caminho. É então que Odudua, a divina senhora, entra em cena. Com grande oferenda, ela transforma elementos simples em componentes essenciais do mundo: galinhas d'angola em terra, pombos brancos em ar, um camaleão dourado em fogo e caracóis no mar. Essa transformação mágica e divina simboliza a criação e a interconexão dos elementos naturais.

A letra culmina com a descida de Odudua por cadeias de prata, uma imagem de viagem iluminada e esperançosa, aguardando a chegada de Obatalá. A canção então descreve um duelo de amor entre Odudua e Obatalá, resultando no surgimento da vida em todo o seu esplendor. Esse duelo de amor não é apenas uma batalha, mas uma dança harmoniosa que dá origem à vida, simbolizando a união e a complementaridade entre forças opostas. A música, portanto, celebra a criação, a transformação e a beleza da vida, enraizada na rica mitologia africana e na tradição do samba-enredo brasileiro.