Império Serrano - Samba-Enredo 1996

Justiça social e esperança em “Império Serrano - Samba-Enredo 1996”

O samba-enredo “Império Serrano - Samba-Enredo 1996” presta homenagem a Betinho, ativista social brasileiro, ao chamá-lo de “moderno Dom Quixote”. Essa escolha destaca o papel de Betinho como um idealista que, mesmo diante de grandes dificuldades, não desiste de lutar por justiça social. A referência aos “moinhos de vento” simboliza os desafios enfrentados por ele, como a fome e a desigualdade no Brasil. O verso “O povo diz amém / É porque tem / Um ser de luz a iluminar” reforça a imagem de Betinho como líder e inspiração, especialmente por sua atuação no movimento “Ação Contra a Fome” e sua presença marcante no desfile daquele ano.

A letra do samba aborda de forma direta a desigualdade social, contrapondo a fome dos pobres ao medo dos ricos: “Quem é pobre tá com fome / Quem é rico tá com medo”. Essa oposição evidencia a necessidade urgente de mudanças estruturais e convoca a sociedade à reflexão: “Senhor, despertai a consciência / É preciso igualdade / O ser humano tem que ter dignidade”. O samba também faz referência à personagem Severina, do livro “Morte e Vida Severina” de João Cabral de Melo Neto, para simbolizar a dura realidade dos mais pobres. O refrão incentiva a união e a esperança, sugerindo que a transformação social começa com pequenos gestos: “Junte um sorriso meu, um abraço teu / Vamos temperar / Uma porção de fé, sei que vai dar pé”. Por fim, o chamado à democracia, com “O meu Império vem cobrar democracia”, reforça o engajamento do samba com a luta por cidadania e justiça social, alinhando-se à trajetória de Betinho.