Portela - Samba-Enredo 1988

A celebração da Portela e suas lendas em “Portela - Samba-Enredo 1988”

O samba-enredo “Portela - Samba-Enredo 1988” celebra o centenário da Portela ao unir a história da escola com a lenda do Vice-Rei e Susana, inspirada no livro “A Fonte dos Amores” de Câmara Cascudo. A letra vai além da homenagem ao Centro do Rio de Janeiro, usando a trajetória do Vice-Rei como metáfora para a própria Portela, destacando temas como superação, reconciliação e paixão coletiva. O verso “A águia e o negro num só coração” reforça a identidade da escola, símbolo de resistência e união, enquanto “tece versos de amor que o Vice-Rei sonhou” conecta o sonho individual do personagem histórico ao sonho coletivo da comunidade portelense.

A narrativa do samba aborda o drama do Vice-Rei, que, após separar Susana de seu noivo, se arrepende e promove a união do casal, eternizando o gesto com a construção da Fonte dos Amores. Isso aparece em versos como “Peripécias do amor, ô ô / O Vice-Rei sofreu / Foi Vicente quem casou, ô ô / O sonho se acabou / Suzana, musa deste mar de lama”, trazendo à tona temas de paixão, culpa e reparação. A menção a Mestre Valentim valoriza a herança cultural do Rio. O refrão “Briga, eu, eu quero briga / Hoje eu venho reclamar / Esta praça ainda é minha” tem duplo sentido: além de remeter à disputa simbólica pela posse da praça, foi visto como provocação à escola Tradição, formada por dissidentes da Portela. O verso “Jacaré quer me abraçar” mistura humor carnavalesco e referência à disputa pelo protagonismo no samba carioca.

O tom festivo e nostálgico aparece no convite à celebração coletiva: “Canta, meu povo / Vem sambar de novo”. A música exalta a força da Portela, sua história e ligação com o Rio de Janeiro, transformando uma lenda de amor em símbolo de resistência, pertencimento e alegria, e reafirmando a importância da memória e da tradição para a comunidade portelense.