Unidos da Tijuca - Samba-Enredo 2026

Resistência e orgulho negro em “Unidos da Tijuca - Samba-Enredo 2026”

A música “Unidos da Tijuca - Samba-Enredo 2026” presta uma homenagem marcante à trajetória de Carolina Maria de Jesus, destacando sua luta contra a invisibilidade social e o racismo estrutural. O verso “Eu sou filha dessa dor / Que nasceu no interior de uma saudade / Neta de preto velho” conecta a história pessoal de Carolina à ancestralidade afro-brasileira, mostrando como sua experiência individual reflete a resistência coletiva do povo negro. A referência a “Bitita cor, retinta verdade” resgata o apelido de infância da autora e valoriza sua identidade negra, reforçando o orgulho e a força presentes em sua trajetória, como enfatizado pelo carnavalesco Edson Pereira.

A letra também ressalta o poder da palavra como instrumento de transformação social. Nos versos “A palavra é arma contra a tirania” e “Fui a caneta que não reproduziu / A sina da mulher preta no Brasil”, há uma clara ligação com a obra “Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada”, em que Carolina denuncia a fome e as desigualdades que vivenciou, simbolizadas em “Os olhos da fome eram os meus”. O samba-enredo amplia esse legado ao afirmar que a luta de Carolina inspira outras mulheres negras em diferentes contextos sociais: “Dos salões da burguesia aos barracos do Borel / Onde nascem carolinas / Não seremos mais os réus”.

Por fim, a música convoca a escola de samba e a sociedade a reconhecerem e valorizarem essa história de resistência: “Muda essa história, Tijuca! / Tira do meu verso a força pra vencer / Reconhece o seu lugar e luta”. Assim, o samba-enredo celebra a importância da literatura, da memória e da representatividade negra, mostrando como Carolina Maria de Jesus transformou sua dor em força e legado para o Brasil.