Unidos de Vila Isabel - Samba-Enredo 2014

Brasil em “Unidos de Vila Isabel - Samba-Enredo 2014”

No enredo “Retratos de um Brasil Plural”, o samba da Unidos de Vila Isabel costura um mapa afetivo dos biomas para afirmar: preservar a natureza é preservar a identidade. A letra usa imagens de duplo sentido, como “o branco verdejou” — o sertão que reverdece com a chuva e, ao mesmo tempo, o encontro das cores da escola (azul e branco) com o verde do país — e “que vença a chama dos ancestrais”, que opõe o fogo espiritual da tradição às queimadas do Cerrado. O orgulho da comunidade pulsa em “o coração vem na marcação / o sangue azul tá na veia”, enquanto a saudação a “Mãe África” desperta o “gigante-mestiço”, refletido no “rosto caboclo, cafuzo ou mulato”. A travessia simbólica vai do espelho do mar ao sertão: o “arrasta-pé”, o “mandacaru em flor” e as “lágrimas do céu” evocam resistência, esperança e fé populares.

Como num desfile, a narrativa percorre o país. Na Amazônia, “o doce canto do uirapuru” e as “seringueiras” chorando denunciam a cobiça, enquanto a floresta se “entrelaça pela salvação”, ecoando o “grito da preservação”. No Centro-Oeste, o “barco pantaneiro” traz o som dos rituais; no Sul, o “Negrinho do Pastoreio” protege “campos e pinheirais”; no Cerrado, o “manto de capim dourado” pede que a chama ancestral prevaleça sobre o fogo que destrói. Assinado por Arlindo Cruz, Evandro Bocão, André Diniz, Professor Wladimir, Artur das Ferragens e Leonel, o samba transforma símbolos naturais, cores e figuras do folclore em pertencimento e união. Ao final, “Unidos, guardiões da vida” resume o chamado: respeitar as origens, celebrar a mistura e defender a vida, do batuque no peito às paisagens que moldam o Brasil.