Não Tenha Dó

Relações e despedidas em “Não Tenha Dó” de Samuel Rosa

"Não Tenha Dó", de Samuel Rosa, explora a dor do término de um relacionamento, destacando como o sofrimento pode se tornar parte da dinâmica entre duas pessoas. No trecho “Você bem que acostumou / Com o meu implorar / Você disfarça, mas gostou / Do meu sofrer”, o narrador revela uma vulnerabilidade exposta e sugere que o outro se acostumou, e até se beneficiou, do seu sofrimento. Essa relação marcada pelo drama emocional é apresentada de forma crítica, mostrando que o sofrimento não é apenas consequência do fim, mas também um elemento que sustentava o vínculo.

O clima nostálgico da música é reforçado pelos arranjos de cordas de Owen Pallett e pela influência dos anos 1960, presentes no álbum “Rosa”. A letra oscila entre o desejo de superar a ausência — “O tempo é rei, eu sei / E eu vou querer amar de novo” — e a dificuldade de se desapegar, como nos gestos de buscar “lugares perdidos” e fingir indiferença. O verso “Não tenha dó / Se eu ainda quiser ouvir / O seu não mais uma vez / Antes de despedir” mostra o desejo de prolongar o contato, mesmo que isso traga dor, como uma forma de manter o vínculo vivo. No final, o narrador sugere amadurecimento ao afirmar que pode não estar mais disponível para o antigo amor, invertendo a dependência emocional e apontando para uma possível superação.