É Preciso Que Eu Diminua

Conflito do ego e humildade em “É Preciso Que Eu Diminua”

A música “É Preciso Que Eu Diminua”, de Samuel Úria, aborda o conflito entre o desejo de crescimento pessoal e a necessidade de diminuir o próprio ego, inspirando-se diretamente na passagem bíblica de João 3:30. O verso repetido “Eu só sei crescer” funciona como um lamento, mostrando que esse crescimento não é saudável, mas sim um aumento do ego e da autossuficiência. Quando o eu-lírico menciona “espaço todo meu” e “não caibo numa casa”, ele sugere que o excesso de si mesmo acaba isolando, tornando difícil compartilhar a vida com outras pessoas.

A letra traz imagens do cotidiano para ilustrar esse excesso: “Tenho os braços no estendal”, “leio o topo da estante”, “bato no peito por estar com meu ar rarefeito”. Essas metáforas mostram que o crescimento desmedido sufoca e limita, em vez de libertar. O trecho “Eu inicio o discurso citando o sujeito / Primeira pessoa é preceito” destaca a centralidade do “eu” e a dificuldade de enxergar além do próprio ponto de vista. Expressões como “gigante barrado no beco” e “fermento em massa de autismo” reforçam a ideia de aprisionamento dentro de si mesmo, mostrando que crescer sem autocrítica pode levar ao isolamento. Ao repetir “Mas eu só sei crescer”, a canção revela a dificuldade de romper esse ciclo, retratando de forma honesta a luta interna entre o ego e a busca por humildade.